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Os 12 passos da Jornada do Herói

Post - Os 12 passos da Jornada do Herói

Você sabia que existem 12 passos para a jornada do Herói? E você sabia que originalmente não são 12 passos, mas 17?

Hoje eu vou contar pra vocês quais são os passos dessa jornada e porque que eu quando analiso a jornada do herói gosto de puxar os atos e não todos esses passos.

A jornada do herói é muito aplicada no cinema por dois motivos: a primeira é que essa estrutura é feita para ensinar, e a segunda é que o cinema gosta de ensinar.

Aristóteles – que elaborou pra gente teorias sobre a tragédia – foi resgatado por um cara chamado Joseph Campbell nos anos 50, porque ele começou a notar que estava acontecendo uma reincidência de uma certa fórmula narrativa nos filmes clássicos de Hollywood.

E o Joseph Campbell era um cara que adorava estudar mitos e estudar exatamente essas narrativas fundadoras. E ele foi percebendo que existiam elementos similares entre esses mitos.

Além disso, o Campbell também curtia muito Freud, que na época estava bombando com a teoria da psicanálise. Então o Campbell criou a teoria do monomito, que é justamente essa ideia de um único herói, por isso mono, vai passar por uma jornada, mytho, que vai transformá-lo. E juntando com a teoria da psicanálise, o Campbell na realidade identificou que essa jornada nada mais era do que você pegar um herói de um lugar familiar para um lugar menos familiar.

Então o herói tem algum tipo de patologia, uma problemática de caráter, que vai ser transformada. A jornada do herói é sobre amadurecimento emocional.

Na tragédia o herói cometia um erro e morria, como isso é muito trágico, o Campbell pegou e falou. “Ele vai amadurecer.” O mundo objetivo parece ser o que era, mas graças a uma mudança de ênfase que se processa no interior do sujeito, é encarado como se tivesse sofrido uma transformação”.

Daí o Campbell pegou e, no seu livro, Heroi de Mil faces, criou 17 passos desse monomito que demonstravam a transformação desse herói que saía de um lugar familiar, confortável e ruim para um lugar de amadurecimento psicológico no qual ele consegue enfrentar os seus pais. Porque no fundo, a psicanálise prevê que o nosso maior enfrentamento é perante essas instituições da família. E a gente precisa ensinar algo para a plateia com clareza, lembrem disso.

E como que os 17 passos viraram 12?

Entrou na jogada nos anos 90 o Vogler, um cara que trabalho na Disney por muito tempo, e percebeu, baseado no conhecimento do Campbell, que os filmes estavam seguindo uma estrutura de 12 passos nas suas narrativas. Então falando de uma forma bem rasa, o Vogler pegou os 17 passos e transformou em 12 para efetuar essa praticidade.

Seguindo essa estrutura, o herói vai de um lugar familiar para um lugar menos familiar a fim de amadurecer e, com isso, transmitir uma moral da história para a audiência. E o cinema usa isso porque dessa forma todo mundo entender a Narrativa.

Conheça os 12 passos da Jornada do Herói

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Post – Os 12 passos da Jornada do Herói

1 – O primeiro passo é o Mundo Comum. Isso significa que a plateia é introduzida ao universo familiar do herói. E exibir esse mundo comum é necessário para que você consiga depois mostrar o contraste entre o universo transformado e o ordinário.

2 – O segundo passo é o famoso Chamado para a Aventura. Que é aquele momento em que a jornada é oficialmente disparada, daquele momento em diante o herói precisa cumprir determinada tarefa, ou alcançar determinado objetivo, e a partir desse objetivo você terá a transformação dele. A partir desse ponto o herói não poderá mais retornar ao seu mundo comum que nós conhecemos no passo anterior da mesma maneira.

3 – O terceiro passo é a Recusa do Chamado. Isso quer dizer que o herói não vai aceitar logo de cara a aventura, porque como eu tava falando pra vocês, jornada do herói é sobre amadurecimento psicológico, e muitas vezes é muito mais cômodo a gente continuar operando de uma maneira familiar pra gente do que ter que mudar.

4 – O quarto passo é o Encontro com o Mentor. Nesse momento o herói recebe ajuda de um personagem que é especialista no problema dele, ou seja, o herói vai. E o mentor não precisa ser uma pessoa mais velha tá galera, pode ser um animal, pode ser um bebê, pode ser mais de uma pessoa. O que vale aqui é saber que o Herói vai conhecer alguém que vai ajudá-lo a se transformar.

5 – O quinto passo é a Travessia do Primeiro Limiar. Nesse momento o Herói já saiu de seu mundo comum e está adentrando o mundo extraordinário promovido pela aventura que vai provocar aquela transformação de caráter que a gente quer.

6 – O sexto passo é chamado de Provas, Aliados e Inimigos. E aqui ocorre um elemento que mais tarde os manuais de roteiro sabiamente identificaram como Aumento de Tensão. Então o Herói, nos obstáculos que ele enfrenta para alcançar seu objetivo, é cada vez mais forçado a se transformar, testado e desafiado. De acordo com o Vogler, aqui o herói aprende as regras desse mundo extraordinário.

7 – O sétimo passo é a Aproximação da caverna secreta. Então aqui o Herói vai questionar a sua aventura e a sua necessidade de ter saído lá do seu universo comum. Será que ele fez a escolha certa? Então o avanço da transformação do caráter dele é contida aqui.

8 – O oitavo passo é a A Provação. Nesse momento o herói vai passar por um momento muito dfícil causado pelos questionamentos que ele teve no passo anterior. É aquele momento em que tudo dá errado e o herói corre um perigo real de se lascar.

9 – O nono passo é a Recompensa. Então o herói venceu aquela provação do passo anterior e agora está muito mais seguro e pleno em relação a sua tranformação. Muitas vezes a recompensa é uma reconciliação com alguém, um par romântico ou o próprio mentor, ou o herói deixou de ser uma pessoa marginalizada em sua sociedade e passou a ser vangloriado.

10 – O décimo passo é o Retorno. Porque né, tudo que sobe, desce, tudo que vai, volta. Então o herói precisa aqui sair do mundo extraordinário que promoveu sua transformação e voltar para aquele mundo comum do primeiro passo. Só que provavelmemte o Herói ainda não conseguiu derrotar de vez o antagonista, ou ainda tem algum último obstáculo para resolver.

11 – O décimo primeiro passo é a Ressurreição. Nesse momento ocorre algo similar ao momento 8 da Provação, o herói passa por um grande desafio que consegue solucionar a sua jornada de vez, e ele consegue alcançar seu objetivo final. Dessa vez ele derrotou de vez o antagonista, ou se reconciliou com alguém, conseguiu o par romântico. A questão é que aqui seu caráter está transformado. 

12 – O último e décimo segundo passo é o Retorno com o Elixir. Aqui o nosso herói chega a sua comunidade, sua família, ao seu mundo familiar, porém desta vez ele está tranformado, e esse é o Elixir. Às vezes esse elixir de fato é algo que vai ajudar sua comunidade, às vezes é a lição que ele aprendeu.

Camadas além dos 12 passos da Jornada do Herói

Existem mil outras camadas por trás disso, especialmente nos 17 passos do Campbell a gente nota que há uma evolução psicológica em relação ao pais e as instituições que é muito presente, ele realmente estudou psicanálise pra elaborar toda essa teoria, mas o que o Vogler propõe dos 12 passos serve aos filmes e nos permite ter uma compreensão dessa Jornada Arquetipal.

Devo usar todos os 12 passos?

A gente não consegue sempre identificar todos os 12 nos filmes. Alguns deles tipo A Recusa do Chamado ou a Recompensa nem sempre acontecem, em muitos filmes você tem o chamado pra aventura e o protagonista só vai, ele não hesita. Isso é uma estrutura internalizada. A gente escuta isso desde lá 4 antes de cristo. O próprio Vogler diz no início do livro dele que a Jornada do Herói não pode ser uma estrutura muito rígida porque isso pode ser ruim para o plot.

Na minha escola de roteiro e na teoria que eu sigo, a Joranda do Heroi pode ser vista de uma maneira muito rígida, quando na realidade você tem uma flexibilidade muito maior dessa estrutura narrativa. Eu acredito e uso muito mais a estrutura dos 5 atos, porque os atos já preveem essas provações, essas ressurreições o retorno ao mundo comum sem precisar focar nesses nomes. Enquanto o Vogler também monta a Jornada do Heroi dentro de 3 atos. 

Tanto um Herói de Mil Faces quanto a Jornada do escritor você consegue encontrar tradução e com relativa facilidade nas livrarias brasileiras, então é bem legal justamente porque é um conhecimento mais acessível.

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