Conflito Central e sua importância na Narrativa Clássica.

Como orientadora dos cursos de roteiro audiovisual do Narratologia, um dos problemas mais frequentes que identificamos nos projetos desenvolvidos por nossos alunos é a ausência do conflito central enfrentado pelo protagonista. Não raro, me deparo com histórias interessantes, abarcadas por temáticas potentes e personagens instigantes, contudo recheadas de eventos narrativos extremamentes dispersivos. 

Isso acontece pois o aluno, aprendiz e estreante no ofício da escrita de roteiro, ainda não domina o conceito de unidade, princípio fundamental do modo clássico de se narrar para audiovisual. Diferente da literatura, que é expansiva e composta por infindas páginas que podem ser lidas no ritmo que melhor convier ao leitor, a escrita para roteiro enfrenta uma grande limitação: o tempo. Para contar uma história inteira em formato de filme, o roteirista raramente terá disponível mais do que 90 minutos. Justamente por isso, faz-se necessário concentrar todos os eventos propostos no enredo em um único assunto e problema combatido pelo protagonista. Na narrativa clássica, não há espaço para situações ordinárias, eventos do cotidiano, aprofundamentos psicológicos e digressões de modo geral. A boa narrativa pede um herói focado, determinado em cumprir uma missão, enquanto enfrenta um único conflito central que o impede de atingir seu objetivo.

Outro princípio importante do drama clássico é o poder de inteligibilidade desse tipo de narrativa. Concentrar as ações do protagonista em um único propósito facilita o entendimento e interpretação do público espectador, aumentando as chances de amplo alcance do projeto. Além disso, unificar o enredo em torno de uma única questão também acaba atribuindo maior racionalidade e coerência à narrativa, tornando-a universalmente possível de ser decodificada. 

Contudo, não se engane. Escrever uma história bem estruturada com a presença de somente um personagem principal, detentor de um único conflito central, pode ser mais desafiador do que você imagina. Concretizar os princípios cartesianos do manual clássico, por vezes, acaba sendo bem mais difícil do que desfrutar da liberdade permitida pelos demais modos narrativos. 

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