Estrutura Narrativa em Séries – Vocês sabiam que a mesma estrutura narrativa da divisão dos atos que é usada para filmes também é usada para séries? É sobre isso que vamos conversar no post de hoje.
O archplot (desenvolvido a partir da Jornada do Herói) e a divisão dos atos também podem ser vistos na estrutura seriada. Só que, nas séries, a gente tem duas formas de enxergar isso: dentro do episódio e dentro da temporada.
Mas antes de explicar pra você como funciona essa estrutura, eu preciso dizer que existem alguns elementos básicos que você precisa ter para construir sua série para que essas estruturas sirvam. O primeiro deles é o conflito central da série. Em Breaking bad, o Walter precisa juntar dinheiro pra família dele; em Game of Thrones, alguém tem que ficar com o trono. Você precisa sempre desse elemento que é chamado, aqui no Brasil, de motor também. O que move a sua série, qual conflito garante que ela vai ter várias temporadas?
Depois que você tem o conflito principal da série, quando você conseguiu estruturar essa base sólida, você vai criando arcos que contribuem para esse conflito de alguma forma. Por que é importante você criar um arco de temporada para a série. Ou seja, dentro do conflito central da série toda, você precisa escolher um conflito para a temporada que se relacione com o conflito central da série. Por exemplo, se o conflito central de uma série como House of Cards é tornar o protagonista presidente, faz sentido se eu dedicar uma temporada toda a torná-lo chefe de estado. Entendidos agora esses conceitos, conseguimos seguir para o uso do archplot dentro da temporada e dentro do episódio.
Séries serializadas: a estrutura ao longo das temporadas
Toda vez que a gente tá tratando de uma série serializada, a gente fala de uma grande narrativa que é contada pouco a pouco a cada episódio. E quem tá assistindo a essa série precisa sentir que tá acompanhando o conflito central. Ou seja, quem está assistindo a série episódio atrás de episódio não pode ter somente a sensação de causalidade dentro do episódio, mas ela precisa também ter essa mesma sensação ao longo da série, entende?
É por esse motivo você precisa fazer o arco da temporada, que nada mais é do que uma trama que vai existir ao longo da temporada. Esse arco faz uso exatamente da estrutura do archplot. Ah, jamais podemos esquecer também que este conflito externo reflete o conflito interno. Ou seja, também há piora no caráter do seu protagonista.
Por exemplo: Game of Thrones usa archplot em suas temporadas. Reparem o low-point, o momento em que o protagonista passa por um momento ruim tanto na trama externa quanto na interna, acontece sempre no nono episódio. Lembram que era sempre no nono episódio da temporada que aconteceu algum evento trágico em GOT?
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Eu gosto bastante do exemplo de Game of Thrones porque, inclusive, na maior parte das temporadas, você também tem a transformação de um dos personagens principais ao longo da temporada e nela a gente consegue ver isso muito bem. Barry é uma série em que você percebe uma evolução no caráter do protagonista a cada temporada, assim como todas as movimentações de plot dentro do episódio, como vamos ver agora.
Séries procedurais: a estrutura nos episódios
Você também precisa pensar na narrativa do episódio em si! E daí é que a gente entra na estrutura narrativa episódica (procedural). Muitas vezes, o archplot dentro do episódio é visto quando há um pequeno conflito episódico.
O procedural precisa estar relacionado com o conflito central da série, ou seja, você precisa arranjar uma forma de costurar o conflito episódio com o arco da temporada e, por consequência, com o arco da série. Ou seja, o procedural precisa, de alguma forma, contribuir para o arco da temporada.
E aí é que vem a “volta ninja do anzol”: isso daqui não é toda série que faz, mas o mais correto é amarrar os pontos de virada dos episódios juntos aos da temporada.
Mas daí vou ficar transformando o personagem a cada episódio e a cada temporada da série? Assim o meu conflito da série vai acabar, não vai? Sim! A solução então é resetar o personagem: quase toda a evolução do personagem na temporada é resetada ao fim da mesma. Se o nosso personagem se transforma completamente, o conflito acaba!
Existe uma ordem obrigação para criar cada um deles? Não! Processo criativo é uma coisa muito individual, você vai criando e fazendo e criando. Mas o ideal é você ir do conflito central para o arco da temporada e depois para o episódio: uma relação de ir do mais abstrato para o mais concreto. Tem gente que não faz assim, eu acho que o processo inverso implica em reescrever. Mas aí você vai testando e desenvolvendo também.
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