Roteiro audiovisual – Sempre queremos ser inovadores nos nossos projetos. É inevitável. Entretanto, devemos saber que este desejo não deve ser o nosso maior objetivo quando falamos de roteiro. Na postagem de hoje, vou te explicar como você pode inovar no seu projeto e, principalmente, em que medida você deve inovar também.
Antes de qualquer coisa, tem algo que eu preciso dizer pra vocês, mas que pode doer… e é o seguinte: nenhuma ideia é 100% original. Você não pensou naquilo pela primeira vez porque, de alguma forma, alguém já pensou naquela ideia de algum jeito parecido, seja nos personagens, seja no tema ou na premissa. Bom, agora que eu dei a notícia ruim, aí vem a notícia boa:
Isso não é um problema. Quantas pessoas falaram que Game of Thrones era parecido com Senhor dos Anéis? Várias. E Game of Thrones deixou de ser um sucesso absoluto por causa disso? Não.
Agora que você já aceitou que sua ideia não é 100% original, você precisa entender que também não é desejável que ela seja 100% original!
O ideal é que a gente trabalhe num contexto de originalidade familiar. O que é isso? Ao mesmo tempo em que você precisa sim ter algum aspecto inovador da sua série ou filme, também é desejável que você tenha uma boa quantidade de signos e códigos facilmente reconhecíveis pela sua audiência. Por isso chamamos de originalidade familiar. Sobre a inovação, estamos falando de ter, no máximo, um ou dois aspectos inovadores no seu projeto, porque você não pode nem ser completamente clichê e nem fazer um roteiro tão original que chega a ser estranho.
Eu separei aqui cinco elementos que podem ser usados na hora da gente compor o design narrativo do nosso roteiro audiovisual.
O tema do seu roteiro
Uma das formas acho que mais fáceis e mais atrativas de se inovar é no tema. Se a gente usar a série She-ra e as princesas do Poder, por exemplo, a gente logo percebe que o tema é inovador, mas a série é bem tradicional na questão da estrutura. Inovar no tema é inovar no debate que você estrá trazendo para o filme.
Os personagens
Já falei no canal que Rick and Morty é uma série bem inovadora, né? Inclusive, o excesso de inovação da série aqui também é motivo de rejeição dela por parte de alguma pessoas. Mas Rick and Morty é uma série que inovou bastante no personagem e no universo.
O que é você ter um personagem inovador? É você fugir de um personagem chapado e falar sobre um personagem mais profundo, ou, por exemplo, quebrar algum paradigma ou estereótipo de personagem. Por exemplo, o longa “Onde está segunda” inova porque existem várias personalidades para a mesma pessoa. Ou seja, é uma forma de fazer a sua série ser atraente porque o personagem é atraente também. A série Doctor House foi bem comentada por conta disso também: um médico que odeia pessoas.
Estrutura do roteiro
Existe uma forma muito interessante também de inovar que é por meio da estrutura narrativa. Se a gente toma o exemplo de This is Us, percebemos que é uma série que inova na estrutura narrativa, porque a gente tem quatro tramas principais e uma delas se passa no passado: e ela nã é um flashback, é uma trama mesmo, que tem o seu próprio archplot e acontece junto das demais.
O gênero
Outro tipo de inovação legal reside justamente no gênero. E a gente tem percebido muito esse tipo de inovação acontecendo principalmente com as comédias! O gênero geralmente tem inúmeras predisposições e parâmetros que permitem uma inovação, sem abrir mão daquilo que já conhecemos.
Espero que tenham entendido que é possível inovar, sem escrever um roteiro totalmente estranho para seu público.
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